sábado, 15 de agosto de 2015

Conversa na noite...

( Bater descompassado na porta) - Hélio atende.
Hélio: Calma mano, ainda me acordas a Maria.
Gonçalo: Desculpa, mas precisava mesmo falar contigo.
Hélio: Espera um pouco, deixa-me vestir o casaco e vamos dar uma volta.
( 10m depois, no meio da rua andando sem destino)
Hélio: Então que se passa mano.
Gonçalo: Eu via hoje.
Hélio: Viste quem?
Gonçalo: A rapariga do coma.
Hélio: Quê? A do hospital? A quanto tempo foi isso?
Gonçalo: Sei lá... prai sete meses acho eu.
Hélio: Viste-a onde?
Gonçalo: Eu e a Júlia fomos a um café hoje depois do jantar, e lá estava ela.
Hélio: No café?
Gonçalo: Sim.
Hélio: Com a Júlia?
Gonçalo: Sim, Não. Eu estava com a Júlia, ela estava com uma conhecida da Júlia. Lembro-me de as ver falar uma vez na piscina.
Hélio: Espera... como reagis-te?
Gonçalo: Evitei olhar muito para a mesa dela.
Hélio: Sim, mas tipo a Júlia notou algo?
Gonçalo: Notou o quê?
Hélio: Sei lá.
Gonçalo: Não é como se tivesse netrado no sitio onde está a minha amante. Eu não trai a Júlia.
Hélio: Sim, eu sei. Mas também não lhe contas-te sobre isso.
Gonçalo: Foi antes de nos conheçer-mos. Além que a ela nem sabe quem eu sou.
Hélio: Sim, mais essa. Tu ias sem ninguem saber... Já pensas-te como será, se algum dia ela descobrir que andas-te a espia-la no coma.
Gonçalo: Eu não diria espia-la.
Hélio: Dirias o quê, então?
Gonçalo: Tomar conta dela.
Hélio: Para isso estava lá a familia.
Gonçalo: Eu sei, mas não estava sossegado até saber que ela estava fora de perigo.
Hélio: Andas-te a ir para o hospital que 3 meses.. até o médico dizer que estava tudo bem.
Gonçalo: Sim, mais ou menos isso.
Hélio: Esqueçe-a. Sabes que ela está bem, já podes seguir. Agora tens a Júlia.
Gonçalo: Sim, a Júlia.



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