sábado, 26 de outubro de 2013

Pesadelos

Sala da maternidade.
Enfermeira - Voçe consegue força. força, já se ve a cabeça.
Natália - Estoua  fazer, que raio quer que faça mais.
Enfermeira - Está a vir, continue.
( Pausa... Choro de Bebé)
Enfermeira - Parabéns tem uma menina.
Natália chorando - Consegui... posso ve-la?
Enfermeira virando costas e indo ao encontro do Vasco.
Natália - Enfermeira posso ve-la?
Enfermeira entrega ao Vasco.
Natália - Não. Vasco, deixa-me ve-la...
Vasco - Ri-se vira as costas e vai ter com outra pessoa.
Natália - NÂOOOO, é minha filha... não é dela é minha filha...VASCOOOOOOOOO , ENFERMEIRA... ALGUEMMMMM É A MINHA FILHA....
Vasco e companhia levam a criança.
Natália - NÃO ELA É MINHA, NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO








( Acordo de tropeção, na cama)
Amarrandome a minha barriga pensando, um pesadelo....
Parecia tão real,
Lembro-me como se fosse ontem.
Vinha de cadeira de rodas com a minha irmã, naquele dia em que ganhei coragem para ir a minha antiga casa buscar o que me faltava.
A minha irmã tinha-me contado o quanto tentaram telefonar ao Vasco a contar do meu acidente, mas que ele não atendeu. Que quando foi a minha casa, estava vazia, todo que era dele tinha desaparecido. Soube mais tarde que tinha casado passado um mês do meu acidente com outra.
O dia em que acordei, o dia mais longo da minha vida e em que soube que tinha perdido o bebé.
Ninguem me queria contar, mas a minha insistencia em saber como estava após me terem dito que estive numa espécie de coma durante 3 meses, fez com que os doutores decidissem contar, especialmente porque fiquei de tal modo alterada por não me contarem, que ficaram com medo que tivesse outro ataque e que pudesse voltar ao estado em que estava.
Contaram que devido ao estado do meu corpo, não consegui aguentar a gravidez e abortei.
Acho que chorei durante horas, e depois começei a culpar tudo e todos.
Foram dias dificeis, para mim foi como se acorda-se normalmente, corpo dorido, dificuldade em mexer as penas e braços, mas estava lucida, só não entendi porque o meu corpo não reagia quando eu mandava. Explicaram que estive a ser alimentada por soro e que devido a gravidade da situação os meus musculos tinham sofrido devido a falta de nutrientes, e que o meu corpo tinha decidido limitar ao maximo o esforço corporal de modo a sobreviver, e que levaria algum tempo a recuperar com ajuda de fisioterapia, mas que voltaria ao normal. Só que estaria impossibilitada de fazer qualquer tipo de exercicio nos próximos tempos. No inicio pensei que fosse ficar presa a uma cama durante muito tempo, mas não após um mês de acordar, começei a conseguir movimentar sozinha de modo que fui começando a reabilitação de força, com ajuda do fisioterapeuta. E após 2 meses de acordar, já tinha autorização para ir para casa, com a promessa de continuar no terapeuta, e na fisioterapia. e não faltar ao exames de modo a verificarem sempre a evolução do corpo de modo a não haver recaidas.

Levanto-me da cama e vou ao quarto de banho. Olho ao espelho, cara vermelha, suor a escorrer pela face, lavo a cara e volto a olhar ao espelho, aquelas marcas continuam ali. Já levava uma vida quase normal, já conseguia andar, ainda estava proibida de fazer qualquer esforço, por isso regressar ao trabalho teve de ficar suspenso. Por sorte o meu patrão é uma pessoa que cuida dos empregados, de modo que ajudou a minha familia a tratar da papelada para a segurança social de modo a eu não ficar desamparada enquanto não pudesse regressar, por isso recebo um subsidio de desemprego por invalidez, até recuperar, e quando estiver bem, puderei voltar. Infelizmente isso também faz como que tenha de estar constantemente a provar que ainda não sou capaz de trabalhar, o que é muito chato. Por mim voltava já amanhã a trabalhar no entanto até os exames estarem a 100% não posso voltar a fazer esforços.

( Entrar no banho)
Ruido da água.
Ainda bem que tenho a familia que tenho.

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