quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Uma notícia, boa ou má?!?!?! Depende de quem a ouve.

Sei que olhei o relógio do carro, já tinha passado 15 minutos desde que tinha estacionado a porta de casa, e desligado o carro. A música continuava a dar, a chave ainda estava na ignição, mas eu ainda tentava acompanhar os meus pensamentos e sentimentos. Queria entrar e chegar perto dele, dizer amo-te ao ouvido, beija-lo intensamente e dar-lhe a noticia como se um susurro de paixão e futuro de trata-se. Mas estava nervosa, tinha tentado ligar-lhe mais uma vez, mas recebi o voice mail de novo. O dia tinha parecido tão curto e desde que soube que estava grávida parecia cada vez mais longo, como se o relógio demora-se a andar.
Respirei fundo, vesti o casaco, tirei a chave e sai. Fechei a porta e voltei a respirar fundo enquanto olhava a as janelas do prédio, tentava ver se havia alguma luz ligada, mas sabia que se ele estivesse na sala, que não veria a luz cá de fora. Começei a caminhar em direção a porta, ouvia e sentia o meu coração a bater cada vez mais de força de tal era o nervosismo em que estava... Repetia baixinho para mim mesma, vamos ter um filho, vamos ter um filho.
Apesar de vivermos nos segundo andar, e eu seguir sempre pelas escadas, hoje elas pareciam não ter fim.
Abri a porta devagar, reparei em algumas luzes acessas, enquanto colocava o casaco no cabide. Ele está em casa, pensei.
Segui devagar até a sala e começei a ouvir a voz dele a falar ao telefone, na porta da sala estanquei. Não por medo, não por nervosismo, mas pelo que tinha acabado de ouvir.
Do outro lado a porta, o meu namorado, o meu mais que tudo, a pessoa a quem ia contar que estava grávida, tinha acabado de se despedir de alguem, dizendo amo-te muito, mal saiba o que ela quer de mim saiu logo daqui, invento uma desculpa, estou cheio de saudades de tocar o teu corpo de novo.
Estava a porta da sala, a olhar o vazio, como se derrepente algo debaixo de mim se abrisse, como se um abismo me impedisse de dar mais um passo. Ele estava de costas para mim, a mandar beijos, e saudades e amo-tes a alguem que não era eu. A despedir-se com um és a minha maria e amo-te. E eu estava imóvel,  sem saber que pensar, que agir, que fazer... A ver tudo a desmoronar-se a minha frente.
Ele virou-se, e ficou a olhar-me de frente.
- Ah já chegas-te...
- ( silêncio)
- Então que querias falar comigo, vim directo do trabalho para cá, e chego e não estás em casa, nem atendes o telemóvel.
- Com quem estavas a falar?
- Ahhhh
- Estavas ao telefone com alguem, ouvi-te desligar quando entrei ( menti).
- Ahhh Era o meu primo, estava com um problema com a mulher e queria desabafar comigo, disse-lhe que depois do jantar iamos tomar café...
- O teu primo????
- Sim... que tem.
- Custumas chamar o teu primo por minha maria...
- Ohhh isso era na brinca, ele diz isso a mulher, eu gozo com ele...
- E que estás desejoso de estar com ele e tocar nele?!?!?!
- Que estás a querer dizer?
- Estavas a combinar com outra mulher, sair e estar com ela????
- Não, já te disse que era o meu primo.
- Pára Vasco..... eu não entrei quando desligas-te, eu entrei ainda ias a meio da conversa, eu tenho estado atrás de ti a ouvir a conversa.... ( lágrimas escorriam pela face)
- ( silêncio) Não tens razão de desconfiar de mim.
- O que????? Acabei de te dizer que ouvi a conversa toda.
- Para de ser desconfiada, não é nada, só me ouviste na brincadeira.
- Isso é brincar para ti.... Para de mentir.
- (silêncio)
- Como... como me pudeste fazer isto, eu dou-te tudo, eu amo-te com todo o meu ser e o meu coração ( voz arrastada do choro). Como.... Prometes-te que nunca olharias para outra mulher enquanto estivessemos juntos, que eu seria unica, que se alguma vez estivesses interessado em alguem falarias comigo e dirias porque... eram mentiras??? onde esta a tua sinceridade????
- Estás a exagerar, não é nada demais...
- NÂO é NADA deeeemmmaaaaiiisss.... Todo que me prometes-te, acabou de se tornar mentira... a primeira que encontras e vais logo com ela...
- Não fales assim.... e para de chorar...
- Não falo o que???? as verdades??? porque já que só mentes alguem tem de falar as verdades...
- Não consigo falar contigo assim vou sair...
- O que, já vais ter com ela????
- Cala-te Natália, senão não respondo por mim.
- O que, vais-me bater...
- Vou andar...
Vejo as costas dele a pegar na chave casaco, e sair porta fora, sem um volto logo, sem uma emoção sequer.
Em todo, ele manteve-se firme, sem expressão, só no final mostrou-se irritado com as acusações, como se eu andasse numa caça as bruxas...
A porta bate, e as minhas pernas cedem, de costas contra uma parede, choro, choro sem conseguir parar.
Na minha cabeça so se ouve, Porque??? Porque??? que fiz eu??? As lágrimas correm sem cessar.
Começam os soluços com o choro, o deambular de palavras ela boca, a tentar achar o que eu tinha feito de mal, porque me traiu, porque me traiu... Tento acordar, batendo com a parte de trás da cabeça na parede. E só ouvi, porque? porque? porque? que fiz eu? Tento acalmar o choro, mas tornasse impossivel, algo tinha rasgado dentro de mim, e o que de lá saia era água e palavras que não paravam nunca...
Com os soluços começo a sentir os vómitos, o nervosismo começou a fazer-me querer vomitar, e levantando-me corro para a casa de banho, e como se de uma bebedeira se trata-se dobro-me e começo a vomitar, nada e tudo ao mesmo tempo, um misto de lágrimas, palavras, pensamentos, ranho, e vómito. Tudo me enojava, tudo era mentira, TUDO, TUDO, TUDO.
Não consegia estar mais ali.... precisava de acalmar... a custo ergui-me, e começei a limpar a cara, tentando não puxar o vómito. Precisava sair dali.... precisava de me acalmar.
Sai do quarto de banho e segui em direçao ao corredor, as chaves do carro estavam em cima da mesinha da entrada, peguei nelas e sem apagar luzes, sai porta fora... preciso de ir onde me acalmasse... o mar... o mar sempre me acalmou.
Desci as escadas, evitei a todo o custo que alguem me visse, e entrei no carro.
Raios, esqueci-me do telemóvel.
Olhei a janela do apartamento, e não conseguia voltar lá... o pensamento surgiu logo, quem me iria ligar...
Dei a volta a chave na ignição e arranquei.
Pus musica e tentei não pensar no assunto, mas as lagrimas continuavam a correr pela face, sem parar, toldavam-me a visão as vezes que se aglomeravam nas pestanas sempre que tentava olhar a estrada.
Começou a dar a nossa canção, e eu raios, agora não, e enquanto trocava de musica, distrai-me um instante.... e.....

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